sexta-feira, setembro 28, 2007

Dos livros na escola

E o que podemos fazer mais na Escola para promover a leitura? Foi a partir desta premissa, do meu conhecimento do Bookcrossing e, acima de tudo, da Oficina de Formação sobre a qual versam os posts abaixo que cheguei a algumas conclusões.

Nós por cá

Antes que termine o ano civil e mergulhemos nas actividades deste ano lectivo, aqui ficam imagens do passado mês de Julho. Passaram dois meses, é certo, mas os bons momentos não devem ser esquecidos. Organizada pelas formadoras e professoras Jacqueline Duarte e Cristina Cruz, no âmbito da Oficina de Formação que teve lugar aqui na nossa Escola, foi levada a cabo uma visita à Biblioteca da nossa Escola e à Biblioteca da EB 2/3 aqui de Mafra.
Comecemos pelo início. O encontro das formadoras e formandas deu-se logo pela manhã do dia 11 de Julho. Fomos recebidos pela Coordenadora da Biblioteca/Centro de Recursos, professora Lurdes Fonseca, que nos levou a conhecer o espaço, bem como as actividades levadas a cabo ao longo do último ano, tendo traçado ainda um breve historial da Biblioteca da Escola. Aqui ficam algumas imagens:


fotos: minhas

Aqui tão perto

Depois de termos visitado o nosso Centro de Recursos/Biblioteca, rumámos até à E. B. 2/3 de Mafra para completarmos a visita. Fomos recebidos pela professora Júlia, uma verdadeira entusiasta das novas instalações da Biblioteca. Longe vão os tempos em que o frontispício da Biblioteca era assim:


Por muito estranho que pareça, temporariamente, a Biblioteca da E. B. 2/3 de Mafra esteve alojada num autocarro. A viagem vai começar. Toca a embarcar...


Então, mas isto não é um autocarro? Lá dentro, a curiosidade aumenta...


Isto parece-me familiar...

Mas os tempos mudaram e a Biblioteca também.

Arejada, cheia de luz, bem rechada de livros, um espaço óptimo de convívio entre os utentes da Biblioteca e os livros

Mas os livros arrumadinhos nas estantes sem ninguém que os manuseie, que os folheie, que os leia são livros mortos e claro que os amantes de livros não querem nunca que tal lhes suceda...

Devolvamos-lhes então a vida!


Fotos: minhas

quinta-feira, setembro 27, 2007

Lá dentro as cidades

Se o amor acabasse, pensaram saindo do táxi com as malas e partilhando ainda o mesmo guarda-chuva antes de partirem para destinos diferentes,
se o amor acabasse,
todas as cidades se tornariam ilegíveis.

Teolinda Gersão,(2007), A Mulher que prendeu a chuva, Lisboa, Sudoeste Editora.

Um homem solitário em Lisboa ouve a conversa de duas mulheres africanas, enquanto arrumam um quarto de hotel. Dois amantes com o corpo como ponto de partida deambulam por várias cidades europeias. Uma mulher tem um encontro imediato com um assassino em série nos transportes públicos em Berlim. São Francisco e Lisboa unidas pela similitude da ponte e uma família a braços com a crueldade de um cão descartável. Um viúvo reparte os seus dias rotineiros pela cidade de Lisboa. Um homem e uma mulher encontram refúgio em Roma. E, no entanto, A Mulher que prendeu a chuva, o mais recente livro de contos de Teolinda Gersão, não é um livro sobre cidades ou uma colectânea de contos de viagens. Crepuscular e sombrio, a única luz presente é a que ilumina o leitor pelas páginas do livro até ao fim, A mulher que prendeu a chuva move-se entre a morte, a partida literal e metafórica, a viagem pendular entre o eu e o(s) outro(s), a inquietude e a insatisfação, o desencanto do que ficou algures e ter-se-á perdido no labirinto de um tempo irrecuperável. Tudo isto em cidades. Cidades físicas, precisas, específicas, aquelas cidades e não outras. E as cidades, não determinando a acção, emprestam-lhe o carácter de cada uma delas. Um livro de partida para muitas viagens. Tantas quantas quisermos.

sexta-feira, setembro 21, 2007

Literatura em festa

Decorreu entre 14 e 16 de Setembro a sétima edição do Festival Internacional de Literatura de Berlim. Tendo como ponto de partida a partilha de universos literários diferentes na era da globalização, o festival contou com a presença de mais 100 autores e com mais de 300 eventos, um cadinho de experiências literárias certamente colorido, enriquecedor e estimulante.


A literatura portuguesa não foi esquecida e um dos momentos altos do festival foi a ovação a António Lobo Antunes, uma manifestação óbvia do entusiasmo e respeito com que um dos nomes grandes das letras portuguesas contemporâneas é recebido além fronteiras. António Lobo Antunes visivelmente emocionado, referiu o papel fundamental da Alemanha na sua matriz, um país ao qual se encontra ligado por via paterna.

Imagem: "Büchertisch" de Hartwig Klappert

quinta-feira, setembro 20, 2007

Cidades que a cidade tem

Cruzo-me com o mais recente trabalho dos Orishas, corro ao encontro de Mi sueño de Ibrahim Ferrer, e acabo por aterrar em O nosso GG em Havana de Pedro Juan Gutiérrez, o livro do escritor que inicia uma nova fase, encerrado que está o ciclo de Centro Habana. E assim é: a Havana dos Orishas não é a de Ibrahim Ferrer, a de Pedro Juan Gutiérrez não é a de Leonardo Padura, a de Zoé Valdés não é a de Ana Menéndez. Cada uma mais áspera do que a outra, mais suave, mais suja ou nostálgica, mas todas são Havana. Se, para Zoé Valdés, Havana é hoje um museu de vítimas complacentes, de oportunistas; para negociantes e turistas ignorantes*, para Pedro Juan Gutiérrez o melhor do mundo é passear pelo Malécon sem rumo, debaixo de um ciclone furioso** e à magia de Havana não fica indiferente Leonardo Padura porque quem conhecer a cidade tem de admitir que possui uma luz própria, a um tempo densa e leve, e um colorido exultante que a distingue entre milhares de cidades do mundo***.
E, pese embora a idiossincrasia de Havana, assim são todas as cidades: únicas no olhar de quem por lá passa, tantas quantos os turistas, tão diversas como os viajantes, ímpares como os seus habitantes, tanto mais coloridas quanto os seus artistas e escritores. As cidades são apenas o centro do caleidoscópio colorido por sons e letras de quantos a sentem, vivem e visitam e que, a cada visita, deambulação ou périplo, se transformam num mosaico colorido em permanente mutação.

*Zoé Valdés, (2002), Os Mistérios de Havana, Lisboa, Dom Quixote.
** Pedro Juan Gutiérrez, (2000), Trilogia Suja de Havana, Lisboa, Dom Quixote.
*** Leonardo Padura, (2005), O Romance da minha vida, Lisboa, Dom Quixote.


foto: prata da casa

quarta-feira, setembro 19, 2007

Aquilino Ribeiro no Panteão Nacional

Aquilino Ribeiro repousa desde ontem no Panteão Nacional. Considerado pelo Presidente da República com "um dos grandes prosadores da literatura portuguesa do séc. XX", a decisão de trasladar Aquilino Ribeiro não reuniu consenso e vários sectores da sociedade manifestaram o seu desagrado, nomeadamente por razões que se prendem não com Aquilino Ribeiro escritor mas antes com Aquilino Ribeiro homem e político. Divergências à parte, o escritor repousa agora entre outros escritores e nomes grandes do país, como a voz do fado, Amália Rodrigues, ou o General Humberto Delgado.

terça-feira, setembro 18, 2007

Ano Novo, Vida Nova

E eis que chega mais um ano lectivo.
À semelhança do ano passado, o De Mês em quando vai continuar a dar-vos sugestões,
(re)lembrar efemérides,
homenagear autores
ou apenas deixar-vos com uma imagem ou uma citação.
Agora desejo-vos a todos um bom ano lectivo
e, caso tenham sugestões, já sabem onde encontrar-me.
Bom ano e bom trabalho!