Suponhamos que o Manel faz uma viagem. Como todas as viagens, a viagem do Manel tem algumas peripécias. O Manel arruma a viagem na gaveta mas vinte anos depois e porque se lhe atravessa ao caminho uma fotografia da mulher que o acompanhou nesse périplo lembra-se de escrever umas coisas. O Manel acha a viagem engraçada com ingredientes suficientemente intensos para tornar a estória atraente, sente-se em dívida com a mulher que o acompanhou, é atacado por uma nostalgia súbita e neste embalo envia o manuscrito da sua aventura às editoras. O Manel, coitadito, é apenas o Manel, sem apelido, padrinhos, amigos, alguém que dê uma palavrinha a alguém, um toque só para ver se pega e, por conseguinte, tempos depois começa a receber cartas das editoras. Que não se enquadra nos critérios editoriais, que não podem encarar a respectiva publicação, que não são a editora indicada para a apreciação de narrativas curtas, que têm a programação editorial muito preenchida. O Manel arruma os manuscritos na estante, outros rasga-os furiosamente e coloca-os com grande dever cívico no ecoponto azul e outros oferece com uma dedicatória aos amigos, em tempo de crise há que poupar nos presentes. E partiu à sua vida. Ora se o Manel de chamasse, digamos, Miguel Sousa Tavares tinha o assunto resolvido e podia publicar este novo género de quase romance, a tal narrativa curta, contando uma das suas aventuras ao deserto com uma mulher com quem aparentemente teve um relacionamento amoroso e que morreu entretanto. No teu Deserto é apenas isso: um devaneio, sem grande qualidade de escrita. O texto está cheio de lugares-comuns, a noite estrelada a tempestade da areia, o desenrascando luso, o silêncio do deserto, uma mulher convenientemente loura que já se sabe resulta muitíssimo bem em países árabes como moeda de troca por cáfilas de camelos. Muito inferior a Sul, Não te deixarei morrer, David Crockett ou a Equador, o livro não traz qualquer novidade. Servirá apenas o voyeurismo dos leitores e ocupará uma boa parte de uma lânguida tarde estival, há sempre que não goste de leituras pesadas no Verão. Miguel Sousa Tavares já mostrou que é capaz de bem melhor. No teu Deserto só viu a luz do dia porque o seu autor é quem é. Se fosse o Manel, por exemplo, nunca passaria da intenção e muito bem.
quinta-feira, julho 23, 2009
terça-feira, julho 21, 2009
Frank McCourt
You’re on your own in the classroom, one man or woman facing five classes everyday, five classes of teenagers. One unit of energy against one hundred and seventy-five units of energy, one hundred and seventy-five ticking bombs, and you have to find ways of saving your own life. They may like you, they may even love you, but they are young and it is the business of the young to push the old off the planet.
Frank McCourt, Teacher Man
segunda-feira, julho 20, 2009
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