quinta-feira, outubro 26, 2006

Pessoas com livros dentro

Biblioteca s. f. (Do lat. Bibliothēca “depósito de livros”) 1. Colecção de livros e de outros textos impressos ou manuscritos devidamente classificados e catalogados 2. Estante ou conjunto de estantes onde se guardam ou ordenam livros 3. Edifício ou sala onde estão conservados ou arrumados, livros e documentos destinados à leitura.

As definições de dicionário são exactas e fiéis. Guardar, conservar, ordenar, arrumar, classificar. Carecem, não obstante, do que se não deixa catalogar, classificar ou guardar em estantes: a alma e os afectos. Na verdade, uma biblioteca não é apenas um receptáculo de livros, estático e frio, isolado do resto do mundo. Se em cada livro há um mundo, uma biblioteca guarda no seu borco uma infinitude de mundos, assim os leitores, e é, de igual forma, uma janela aberta para o universo.
Cada biblioteca tem um espírito próprio e rostos diversos mutáveis a cada dia que amanhece, a cada dia que anoitece. Os rostos de quem escreve, os escritores, os rostos de quem lê, os leitores, e os rostos que no dia-a-dia se vão cruzando em torno dos livros e aproximam escritores e leitores, apresentando-os mutuamente. A biblioteca da nossa Escola não é excepção.
Encontramo-las diariamente, desmultiplicando atenções entre fotocópias, jornais, revistas, livros, DVDs e a utilização do computador. D. Odete e D. Filomena repartem o trabalho no Centro de Recursos e são rostos conhecidos de todos nós. D. Filomena trata os livros por tu, uma intimidade criada ao longo de mais de três décadas. Ajudar os alunos na procura de livros ou periódicos é uma tarefa muito gratificante, que desempenha com prazer. D. Odete, menos veterana nestas andanças com livros, gosta do trabalho variado a cada dia, sem tédio nem momentos mortos e do contacto com os jovens e demais utentes. Ambas referem como menos agradável as reprimendas inevitáveis a quem desrespeita as normas estabelecidas, ossos do ofício de quem se preocupa e abraça a profissão com empenho. Bibliotecas são também pessoas com livros dentro.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Dia Internacional das Bibliotecas Escolares

Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte.
Carlos Ruiz Zafón, A Sombra do Vento.
Um pensamento a reter quando de bibilotecas se fala.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Memorial

Como foi, digam-no outros que mais saibam.
Seiscentos homens agarrados desesperadamente aos doze calabres que tinham sido fixados na traseira da plataforma, seiscentos homens que sentiam, com o tempo e o esforço, ir-se-lhes aos poucos a tesura dos músculos, seiscentos homens que eram seiscentos medos de ser, agora sim, ontem aquilo foi uma brincadeira de rapazes, e a história de Manuel Milho uma fantasia, que é realmente um homem quando só for a força que tiver, quando mais não for que o medo de que lhe não chegue essa força para reter o monstro que implacavelmente o arrasta, e tudo por causa de uma pedra que não precisaria ser tão grande, com três ou dez mais pequenas se faria do mesmo modo a varanda, apenas não teríamos o orgulho de poder dizer a sua majestade, É só uma pedra, e aos visitantes, antes de passarem à outra sala, É uma pedra só, por via destes e outros tolos orgulhos é que se vai disseminando o ludíbrio geral, com suas formas nacionais e particulares, como esta de afirmar nos compêndios e histórias. Deve-se a construção do convento de Mafra ao rei D. João V, por um voto que fez se lhe nascesse um filho, vão aqui seiscentos homens que não fizeram filho nenhum à rainha e eles é que pagam o voto, que se lixam, com perdão da anacrónica voz.

José Saramago, Memorial do Convento. imagem: LB

No mês de Prémios Nobel, uma singela homenagem ao patrono da Escola e a uma obra ímpar das letras portuguesas.

quinta-feira, outubro 12, 2006

Nobel da Literatura 2006

A escolha da Academia Sueca recaiu este ano sobre o escritor turco Orhan Pamuk.
Nascido em Istambul em 1954 e presentemente professor na Universidade de Columbia em Nova Iorque, Pamuk é um escritor controverso no seu país, à semelhança de muitos outros galardoados com o Nobel da Literatura. Encontram-se traduzidos para português dois títulos da sua obra: Os Jardins da Memória e a Cidadela Branca.
A cerimónia de entrega dos Prémios decorrerá em Estocolmo a 10 de Dezembro.

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