Rómulo Vasco da Gama Carvalho nascia em Lisboa a 24 de Novembro de 1906. Dedicou a sua vida ao ensino, à literatura e à ciência e deixou-nos dos mais belos poemas de expressão portuguesa sob o pseudónimo de António Gedeão. O contributo da cientificidade de Rómulo de Carvalho terá sido determinante para a poesia de António Gedeão. Cem anos, pois, passam sobre essa data.
Rómulo de Carvalho e António Gedeão partiram em 1997 mas continuarão sempre vivos na vastíssima obra que deixaram. Os homens vão, a obra fica. Na obra, a certeza de que os homens partirão nunca.
Rómulo de Carvalho e António Gedeão partiram em 1997 mas continuarão sempre vivos na vastíssima obra que deixaram. Os homens vão, a obra fica. Na obra, a certeza de que os homens partirão nunca.
Lágrima de preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
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