segunda-feira, janeiro 15, 2007

I have a dream!

Martin Luther King é uma personalidade incontornável do séc. XX. Activista dos direitos humanos, líder carismático, lutou pelos direitos dos negros nos Estados Unidos da América, inspirou homens e mulheres por todo o mundo e marcou definitivamente a matriz de um país que se quer democrático. Foi laureado com o Prémio Nobel da Paz em 1964, sendo o mais jovem laureado, apenas com 35 anos e barbaramente assassinado a 4 de Abril de 1968, ainda antes de completar 40 anos. A data do seu nascimento é feriado nacional dos Estados Unidos da América desde 1983. No dia em que completaria 78 anos, aqui fica a homenagem.

I have a dream that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character.

I have a dream today!

Martin Luther King

Mais informações sobre Martin Luther King aqui

quinta-feira, janeiro 11, 2007

No teu poema I

Tudo o que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.

Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E eu sou um mar de sargaço.

Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar de além...
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem.

Fernando Pessoa


O poema de Carla Santos, 12º L

No teu Poema

As ideias surgem, por vezes, da forma mais inesperada, sem lhes termos dado muito pensar ou andarmos numa corrida incessante em sua busca. Assim foi, quando ao folhear um jornal num fim-de-semana, me deparei com um pequeno anúncio a uma série de livros com compilações dos poemas preferidos de personalidades do universo nacional. E se, de repente, também nós, na nossa Escola, pudéssemos fazer a nossa colecção virtual dos nossos poemas, os que gostamos, aqueles que mesmo depois de acabadas as aulas de Português ou de Literatura Portuguesa continuam a soar-nos ao ouvido, a chamar-nos nas alturas mais surpreendentes, aqueles em que recorremos em momentos nostálgicos ou apenas porque sim? A partir de hoje, aqui neste cantinho, dedicarei um espaço aos nossos poemas, porque no escrito de cada poeta existe um verso em branco e sem medida, /um corpo que respira, um céu aberto,/ janela debruçada para a vida.* Comecemos então.

* José Luís Tinoco, No teu poema

terça-feira, janeiro 09, 2007

Martinho da Arcada

No passado dia sete, o café Martinho da Arcada em Lisboa comemorou a respeitável idade de 225 anos. O café é o mais antigo de Lisboa, não detém a grandiosidade dos cafés austríacos e húngaros ou a fama do Florian em Veneza, mas é certamente um testemunho vivo das tertúlias portuguesas do início do século passado, único na singeleza das suas linhas e no estuário do Tejo como paisagem a rematar a luminosa Praça do Comércio. O café seria apenas mais um dos inúmeros da capital, caso não tivesse sido albergado um dos expoentes máximos da poesia portuguesa, Fernando Pessoa e nele não se tivesse reunido o Orpheu. Foi numa das suas mesas de tampo de mármore cinzento que Pessoa escreveu poemas que compõem a sua inestimável obra e parte da Mensagem, fundamental para se sentir, talvez entender a lusitanidade. Diz a História que foi lá que, três dias antes de morrer, Pessoa tomou um café com Almada Negreiros.
E porque a poesia é universal e mora nas almas sensíveis de todo o mundo, o café é frequentemente visitado por turistas na senda dos passos do poeta que tão bem transportou para a palavra escrita a nostálgica alma portuguesa.
O Martinho da Arcada não foi apenas frequentado por Fernando Pessoa. Bocage, Eça de Queirós, Cesário Verde, Columbano, Gago Coutinho, António Botto e Duarte Pacheco são outros nomes sonantes associados ao Martinho da Arcada. Aqui ficam os parabéns!
imagem: "Visão" 1 Dez, 05

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade