segunda-feira, abril 23, 2007

Budapeste

José Costa, um escritor anónimo carioca, divide a sua vida escrevendo livros sem nunca assumir a autoria. Um dia, ao regressar de um congresso de escritores anónimos em Istambul, vê-se obrigado a pernoitar em Budapeste em virtude de um incidente de viagem e, seduzido pelo fascínio da língua magiar, começa a aproximar-se dela, da própria cidade e de Kriska. A narrativa flui entre cidades e mulheres, as línguas e os livros. José Costa torna-se Zsoze Kósta. E quem é Zsoze Kósta? Uma personagem ou o narrador? E Budapeste? Budapeste ou Budapeste? Uma cidade ou um livro?

Artistas, políticos e escroques famosos batiam à minha porta, mas eu me dava ao luxo de atender somente personagens tão obscuros quanto eu mesmo. Clientes que me lembravam aqueles da sala três por quatro do centro da cidade, exceto por serem ricos o suficiente para pagar o caché extorsivo que o Álvaro estipulava, além de custearem a tiragem do livro para distribuição entre parentes e amigos. Tipos como o velho criador de zebu dos cafundós do país, cujas memórias reescrevi com muito sexo, transatlânticos, cocaína e ópio, proporcionando-lhe algum conforto num leito de hospital.

Chico Buarque, Budapeste, Dom Quixote,

Budapeste foi galardoado em 2004 com o Prémio Jabuti, o mais importante e prestigiado prémio brasileiro de Literatura.