sábado, julho 28, 2007

Estação Pateta

Cara Silly Season,

Portuguesmente falando, és apenas a Época Pateta. O nome inglês soa melhor, a retinir campainhas, a sibilar de assobios, a festa de guizos. Estrila muito mas significa pouco. Não tenho nada contra as guizalhadas, embora não seja um praticante entusiasta. Mas contra as carneiradas, tenho. Cresci numa saudável rebeldia contra o conformismo. Ora tu, Estação Tonta, és o exemplo mais acabado, retinto, e rebaixado desta tirania do banal que põe todos a dançar ao toque da mesma caixa. Sob a tua aura e protecção campeiam os estagiários de jornalismo, os militantes da chalaça, os bobos de ocasião. E vá de perguntinhas, e vá de expedientezinhos, e vá de entreter o pagode que só quer é rir, à torreira do sol, a sacudir a areia do croquete, enquanto as crianças chilreiam na praia. Pobre enfeitada Sazão Foleira, vê se percebes que, apesar do lastro de alarvidade que a tua teimosia quer preservar, já vai havendo muitos cidadãos que não têm pachorra para sandices.

Mário de Carvalho in "Visão" nº751, 26 de Julho de 2007


Mário de Carvalho foi recentemente galardoado pelo romance Um Deus passeando pela brisa da tarde. Um escritor a ler nas férias, por exemplo, ou quando regressarmos à escola, mas definitivamente a ler! Os livros? No sítio do costume, aqui na nossa Biblioteca/Centro de Recursos.

foto: da notícia (Público online)