Perdição das perdições, tentação das tentações para um bibliófilo e amante da leitura as feiras do livro deviam conter avisos sobre os perigos e efeitos adversos. É a variedade, são os autores, os livros acabados de imprimir com o perfume que tão bem lhes conhecemos, são as capas que chamam por nós, o Tejo lá em baixo como remate da cidade que se lhe estende como uma língua irregular, bordejada pelas árvores verdejantes da Avenida da Liberdade. É tudo, portanto e este tudo é muito para as almas que se alimentam da leitura. A Feira do Livro de Lisboa abre hoje ao público no Parque Eduardo VII e estará aberta até ao próximo dia 16 de Maio. No site podem encontrar-se algumas informações sobre o programa, livros do dia e ainda sessões de autógrafos, o que dá muito jeito para uma papa-autógrafos como eu. Aventurem-se.
quinta-feira, abril 29, 2010
quarta-feira, abril 28, 2010
Receita de leitura (22) - Dia Mundial do Livro
Dose de Amostra
Os dedos noutros dedos. O miúdo que viu o avô paterno dizer-lhe adeus, de pé, em cima de um barco, está com Ela junto à Ria. Ela toca-lhe ao de leve na mão. O miúdo treme, mas é diferente de quando a criada levantava as saias e lhe mostrava o que ele queria ver. O miúdo que pedalava num carro de quatro rodas treme todo, sim, mas é outro tremor, poder-se-ia dizer um tremor de alma. À noite, no cinema, é ele que passa a mão pela mão de Ela. Os dedos entrelaçam-se. Ela faz-lhe uma festa na cara. Apetece ficar assim para sempre, mas o miúdo que gosta de caçar narcejas ainda não sabe que não há outra eternidade senão esse instante a escorregar-lhe por entre os dedos.
Manuel Alegre, (2010), O miúdo que pregava pregos numa tábua, Alfragide, Dom Quixote.
Composição
De cariz marcadamente autobiográfico, a mais recente novela de Manuel Alegre, O miúdo que pregava pregos numa tábua, conta-nos a história fragmentada do escritor. Da descoberta da sexualidade ao amor incondicional pela caça e a passagem pela Guerra Colonial em Angola, o miúdo, que não se sabe afinal se é o mesmo ou se será outro, narra as aventuras de mais de sete décadas de vida de forma escorreita e breve.
Indicações
O miúdo que pregava pregos numa tábua está indicado para todos os leitores sem qualquer excepção. Composto por princípios activos comoventes e enternecedores, este livro é muito bem tolerado por leitores diversos. Indivíduos curiosos sobre a existência subcutânea das outras almas dos escritores registaram sensações de bem-estar. Leitores com gosto por prosas poéticas assinalaram com agrado esta leitura fácil da história em ziguezague d’ o miúdo que pregava pregos numa tábua.
Precauções
Leitores sensíveis em busca da sequela do belíssimo Cão como Nós devem ler este livro com reservas. Caso procurem o Kurika nas páginas deste livro devem parar a leitura de imediato sob pena de se sentirem defraudados. Os amantes de prosas longas experimentaram momentos de irritação por terem terminado o livro em escassas duas horas. Se sentir uma leve perturbação ao pressentir nas entrelinhas um elogio discreto ao escritor deve abrandar a leitura, respirar fundo e pensar que toda a autobiografia é um acto de auto-elogio.
Outras apresentações
Se quiser saber mais sobre O miúdo que pregava pregos numa tábua mergulhe na vasta obra de Manuel Alegre que não se esgota num único género literário. Se é amante de futebol não perca o livro de crónicas sobre o desporto-rei e descubra ainda mais sobre este miúdo. Leia sempre, leia mais, leia tudo.
quinta-feira, abril 22, 2010
Mark Twain
I have never let my schooling interfere with my education.
Mark Twain
Mark Twain, Samuel Clemens de nome de baptismo, foi um dos mais influentes escritores americanos. Dono de um humor e sarcasmo invulgares, observou a sociedade americana e a espécie humana com um sentido crítico acutilante.
Tendo crescido nas margens do Mississipi, a sua obra não pôde deixar de reflectir as influências deste rio, preenchendo o imaginário de gerações vindouras com As aventuras de Huckleberry Finn, considerado por muitos como a obra maior da Literatura Americana. Além de ficção, Mark Twain escreveu relatos de viagens e é dono de uma quantidade invejável e curiosa de aforismos. No dia 21 completaram-se 100 anos sobre a sua morte. Aquele dia 21 de Abril de 1910 encerrava uma outra curiosidade e que unia o nascimento e a morte de Mark Twain: a passagem do cometa Halley. Fiquemos com as suas palavras: “I came in with Halley's Comet in 1835. It is coming again next year, and I expect to go out with it. It will be the greatest disappointment of my life if I don't go out with Halley's Comet. The Almighty has said, no doubt: 'Now here are these two unaccountable freaks; they came in together, they must go out together.”
Mark Twain
1835 - 1910
terça-feira, abril 13, 2010
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