sexta-feira, outubro 29, 2010
quarta-feira, outubro 27, 2010
Nacos de prosa saramaguiana
Ainda no âmbito desta iniciativa e indicado para aqueles que não gostam ou não têm tempo de escrever aqui vai uma alternativa. Se é leitor de Saramago, cruzou-se certamente com momentos de enorme prazer na fruição de pedaços, bocados, excertos, parágrafos, verdadeiramente nacos de prosa que ficaram e ficarão em nós depois de lida a última palavra e os livros remetidos à triste vida de estante, onde só ganham pó. Quais são os nacos de prosa saramaguiana que vos acompanham? Ficamos à espera.
sexta-feira, outubro 22, 2010
Mês Saramago
No próximo mês de Novembro, José Saramago, o patrono da nossa Escola, celebraria mais um aniversário. Assim, o blogue 'De Mês em Quando' vai comemorar o patrono, vida e obra. Solicito a todos os que queiram participar nesta iniciativa que enviem para o e-mail na barra lateral o que quiserem: textos, desenhos, cartoons, fotografias, citações, comentários/críticas à obra do patrono. Todos os textos serão publicados no blogue durante o mês de Novembro.
fotografia minha
Exposição "A Consistência dos Sonhos"
Receita de Leitura (24)
Dose de Amostra
Nas costas do Parque Eduardo VII, frente à Igreja de São Sebastião da Pedreira, do outro lado dos grandes armazéns espanhóis, abrira-se um buraco enorme. Um fosso no chão de Lisboa, do tamanho duma banheira grande - um alçapão de palco, daqueles por onde desaparecem as partenaires dos mágicos —, disse um taxista que não conseguia fazer pegar o carro que já dera a volta ao conta-quilómetros, pelo menos milhão e meio o meu carro fez, fui à Lua e voltei duas vezes, duas vezes sim, fiz as contas e nunca troquei de motor, disse o homem coçando a cabeça, mas este buracão na estrada parece truque de ilusionismo. A ideia ganhou força e espalhou-se com a segunda e terrível descoberta.
O Comandante operacional dos sapadores bombeiros falava da sorte que era ninguém ter caído lá dentro, como às vezes acontece a carros e até autocarros em Lisboa. Não se esqueçam que isso sucede quando chove desta maneira louca, é uma cidade toda mal feita no solo e subsolo, cheia de ribeiras domesticadas com canos gigantes, que não está nem nunca esteve pronta para precipitações, brincou ele, felizmente até agora os veículos automóveis ficaram sempre entalados, o rabo de fora, por serem demasiado grandes para a fenda respectiva.
Rui Cardoso Martins, (2009), Deixem passar o homem invisível, Alfragide, Dom Quixote.
Composição
Um homem cego, uma criança e a cidade de Lisboa sob um temporal diluviano são os compostos base deste romance, o segundo de Rui Cardoso Martins. Cheio de aventura, com um toque de mistério e uma pitada de supense, este livro é de leitura acessível e sempre agradável, mesmo quando a natureza desaba sobre Lisboa e o infortúnio une as personagens principais. Deixem passar o homem invisível foi recentemente galardoado com o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores.
Indicações
Deixem passar o homem invisível é recomendado a todos os amantes de boas prosas, sem artifícios barrocos e minimalismos desmesurados. Está particularmente indicado a leitores receptivos a novos autores. Indivíduos curiosos sobre a rede subterrânea da cidade de Lisboa experimentaram sensações fugazes de felicidade. Deve ser lido com reservas pelos adoradores do sol e céu azul.
Precauções
Bem tolerado por quase todos os indivíduos, Deixem passar o homem invisível pode causar episódios pontuais de claustrofobia em leitores mais sugestionáveis pela prosa convincente e bem conseguida. Se sentir arrepios e um aperto no peito pela vida nos subterrâneos de Lisboa deve descontinuar a leitura de imediato. Os amantes da cidade de Lisboa experimentaram episódios de desolação pelo estado catastrófico da sua cidade ao longo da narrativa. Em leitores pessimistas podem ocorrer momentos de desespero pelo cego e a criança encurralados nas entranhas de Lisboa. Não deve desistir da leitura neste caso, lembre-se de que a “a esperança é a última a morrer”.
Outras apresentações
A leitura de Rui Cardoso Martins não deve ser descontinuada. Enquanto não surge outro livro do escritor não perca o seu primeiro romance E se eu gostasse muito de morrer e entretenha-se com as crónicas “A Nuvem de Calças” aos Domingos, na revista do jornal “Público”.
quarta-feira, outubro 20, 2010
Receituário
É fácil. Pegue num livro. Um de que goste naturalmente. Abra. Leia e releia. Leia desordenadamente. Um pedaço aqui. Um paragráfo duas páginas à frente. Confira o fim e o início. E olhe-o. Há livros que gostam de ser olhados. Deixe-o sentar-se na alma e começar a soltar emoções. Depois passeie-se com o livro dentro. Apanhe os últimos raios de sol deste Outubro glorioso. E espere. Espere que das palavras surja um sentido. É assim que vou fazendo. É assim que a mais recente receita de leitura está quase quase a sair.
quarta-feira, outubro 13, 2010
Conversations with myself (2)
Saiu ontem para as livrarias o mais recente livro de Nelson Mandela. Intitula-se Conversations with myself e com ele o grande líder carsimático pretende desconstruir a imagem endeusada de um homem que afirma não ser nenhum santo e que diz ter sofrido "fraquezas, erros e imprudências." Com o prefácio de Barack Obama, esta autobiografia reúne uma panóplia de documentos pessoais, notas, diários da prisão, os calendários desse mesmo tempo e cartas redigidas por Mandela e foi lançado em doze países. Cá em Portugal será lançado no fim deste mês de Outubro com o título Conversas Íntimas. Caso seja uma bibliómano e o inglês não constitua barreira sugiro a compra on-line aqui. Será certamente mais barato e mais rápido do que a edição portuguesa e nada como aceder ao original. Faça o que fizer este será um livro a não perder, um testemunho fundamental para melhor compreender o grande Madiba.
sábado, outubro 09, 2010
quinta-feira, outubro 07, 2010
Prémio Nobel da Literatura 2010
O conhecidíssimo e aclamado escritor peruano, Mário Vargas Llosa, foi hoje agraciado com o Prémio Nobel da Literatura. A Academia Sueca elogiou a escrita do laureado pela “sua cartografia de estruturas de poder e suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota individual". Mário Vargas Llosa, além de escritor, é também um homem de convicções fortes e de grande consciência e activismo políticos.
quarta-feira, outubro 06, 2010
terça-feira, outubro 05, 2010
A arte de transgredir
Da autoria de Nuno Medeiros esta galeria de individualidades passou hoje, dia 5 de Outubro, a fazer parte da nossa recém inaugurada Escola Secundária José Saramago. Além do talento inegável, existe, a meu ver, uma mensagem da qual não nos devemos nunca esquecer: não há criação artística sem transgressão. Começando em Pessoa e acabando em Saramago todos eles foram transgressores no seu tempo e ousaram, não só Almada Negreiros, ir contra a corrente de forma assumida e seguir, contra ventos e marés, o seu talento e impulso criativo e criador. As expressões artísticas não se compadecem com canons impostos. Talvez por isso sejam sempre tão inspiradoras e é por isso que continuarão para gerações vindouras.
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