DOSE DE AMOSTRA
Na família Diogo cada vez mais se desenhava diferença de atitude em relação a Carnaval da Vitória. Os dois miúdos tratavam o porco como membro da família. Limpavam o cocó dele, davam-lhe banho e, todos os dias, passavam nas traseiras do hotel a recolher dos contentores pitéus variados com que o bicho se jibóiava.
O suíno estava culto, quase protocolar. Maneirava vénias de obséquio com o focinho e aprendera a acenar com a pata direita, além de se pôr de papo para o ar à mínima cócega que um dos miúdos lhe oferecesse na barriga.
Pai Diogo aferia o porco de maneira diferente. Para ele era tudo carne, peso, contabilidade no orçamento familiar. Indisposto de engolir o peixe frito, os olhos dele bombardeavam direito no porco para um balanço da engorda: «Estás-te a aburguesar mas vais ver o que te espera», e com a mão no pescoço mostrava-se aos filhos na forma de como se corta uma goela, «faca! é o fim de todos os burgueses!».
Manuel Rui, (2007), Quem me dera ser onda, Lisboa, Caminho.
Composição
Quem me dera ser Onda de Manuel Rui é uma novela em torno da existência urbana de uma família em Angola pululante de episódios rocambolescos. Pai, mãe, dois filhos e um porco partilham o sétimo andar do apartamento, mau grado a oposição dos vizinhos.
Indicações
Este livro está indicado para quem gosta de viajar no tempo e no espaço. Recomenda-se no caso de indivíduos com gosto pela fantasia, por prosas coloridas, por metáforas e que sejam atreitos à sedução das leituras que não se esgotam numa primeira vez. É muito bem tolerado por quem tem apreço pelas letras de expressão portuguesa com o calor dos trópicos e a cor da paisagem africana, ainda que urbana.
Precauções
Não se recomenda a indivíduos sem capacidade de dar umas boas risadas ou que tenham alicerces demasiados profundos em quotidianos sombrios e realidades lineares desprovidas de imaginação, humor e sátira. Está desaconselhado para amantes de romances longos. Podem verificar-se pontualmente episódios de ansiedade. Caso comecem a ocorrer sonhos frequentes com o Carnaval da Vitória ou pensamentos inquietantes sobre o seu destino, a leitura deve ser descontinuada imediatamente.
Posologia
Recomenda-se a leitura diária de algumas páginas não se conhecendo efeitos de sobredosagem. Desconhecem-se efeitos secundários de uma segunda ou terceira leitura.
Outras apresentações
Caso tenham sido observadas melhorias com a leitura de Quem me dera ser Onda recomenda-se a incursão em Estórias de Conversa do mesmo autor e em Os da minha Rua de Ondjaki.
Na família Diogo cada vez mais se desenhava diferença de atitude em relação a Carnaval da Vitória. Os dois miúdos tratavam o porco como membro da família. Limpavam o cocó dele, davam-lhe banho e, todos os dias, passavam nas traseiras do hotel a recolher dos contentores pitéus variados com que o bicho se jibóiava.
O suíno estava culto, quase protocolar. Maneirava vénias de obséquio com o focinho e aprendera a acenar com a pata direita, além de se pôr de papo para o ar à mínima cócega que um dos miúdos lhe oferecesse na barriga.
Pai Diogo aferia o porco de maneira diferente. Para ele era tudo carne, peso, contabilidade no orçamento familiar. Indisposto de engolir o peixe frito, os olhos dele bombardeavam direito no porco para um balanço da engorda: «Estás-te a aburguesar mas vais ver o que te espera», e com a mão no pescoço mostrava-se aos filhos na forma de como se corta uma goela, «faca! é o fim de todos os burgueses!».
Manuel Rui, (2007), Quem me dera ser onda, Lisboa, Caminho.
Composição
Quem me dera ser Onda de Manuel Rui é uma novela em torno da existência urbana de uma família em Angola pululante de episódios rocambolescos. Pai, mãe, dois filhos e um porco partilham o sétimo andar do apartamento, mau grado a oposição dos vizinhos.
Indicações
Este livro está indicado para quem gosta de viajar no tempo e no espaço. Recomenda-se no caso de indivíduos com gosto pela fantasia, por prosas coloridas, por metáforas e que sejam atreitos à sedução das leituras que não se esgotam numa primeira vez. É muito bem tolerado por quem tem apreço pelas letras de expressão portuguesa com o calor dos trópicos e a cor da paisagem africana, ainda que urbana.
Precauções
Não se recomenda a indivíduos sem capacidade de dar umas boas risadas ou que tenham alicerces demasiados profundos em quotidianos sombrios e realidades lineares desprovidas de imaginação, humor e sátira. Está desaconselhado para amantes de romances longos. Podem verificar-se pontualmente episódios de ansiedade. Caso comecem a ocorrer sonhos frequentes com o Carnaval da Vitória ou pensamentos inquietantes sobre o seu destino, a leitura deve ser descontinuada imediatamente.
Posologia
Recomenda-se a leitura diária de algumas páginas não se conhecendo efeitos de sobredosagem. Desconhecem-se efeitos secundários de uma segunda ou terceira leitura.
Outras apresentações
Caso tenham sido observadas melhorias com a leitura de Quem me dera ser Onda recomenda-se a incursão em Estórias de Conversa do mesmo autor e em Os da minha Rua de Ondjaki.
Depois da edição em papel desta Receita de Leitura no passado dia 22 de Outubro, em comemoração do Dia Internacional das Bibliotecas Escolares, aqui fica on-line. Entretanto, se gostaram desta e da outra vão aparecendo por aqui.
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