Mostrar mensagens com a etiqueta leituras. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta leituras. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, julho 28, 2010

quinta-feira, maio 20, 2010

Leituras


Os mais recentes livros de Mário de Carvalho e Rui Zink são absolutamente imperdíveis. Cada um a seu estilo muito próprio provocaram-me umas boas gargalhadas, a prova de que a literatura não precisa de ser soturna e circunspecta para o ser. E não avanço com mais pormenores para não estragar o prazer da descoberta. Adianto apenas que ambos os autores partilham o humor e a subtileza com que salpicam a escrita e a transformam num momento aprazível e divertido. Não percam!

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Leituras

Não sei como se chamaria o medo de não ter o que ler. Existem as conhecidas claustrofobia (medo de lugares fechados), agorafobia (medo de espaços abertos), acrofobia (medo de altura), collorfobia (medo do que ele vai nos aprontar agora) e as menos conhecidas ailurofobia (medo de gatos), iatrofobia (medo de médicos) e até treiskaidekafobia (medo do número treze), mas o pânico de estar, por exemplo, num quarto de hotel, com insónia, sem nada para ler não sei que nome tem. É uma das minhas neuroses. O vício que lhe dá origem é a gutembergomania, uma dependência patológica na palavra impressa. Na falta dela, qualquer palavra serve, já saí de cama de hotel no meio da noite e entrei no banheiro para ver se as torneiras tinham «Frio» e «Quente» escritos por extenso, para saciar minha sede de letras, já ajeitei o travesseiro, ajustei a luz e abri a lista telefónica, tentando me convencer que, pelo menos no número de personagens, seria um razoável substituto para um romance russo. Já revirei cobertores e lençóis, à procura de uma etiqueta, qualquer coisa.
Alguns hotéis brasileiros imitam os americanos e deixam uma Bíblia no quarto, e ela tem sido a minha salvação, embora não no modo pretendido. Nada como um best-seller numa hora dessas. A Bíblia tem tudo para acompanhar uma insónia: enredo fantástico, grandes personagens, romance, o sexo em todas as suas formas, ação, paixão, violência - e uma mensagem positiva. Recomendo «Génesis» pelo ímpeto narrativo, «O cântico dos cânticos» pela poesia e «Isaías» e «João» pela força dramática, mesmo que seja difícil dormir depois do Apocalipse.


Luis Fernando Veríssimo, "Fobias" in Comédias para se ler na Escola.

quinta-feira, outubro 01, 2009

Para abrir o apetite...

Aqui fica um pequeníssimo excerto de Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar?

Haverá noite para este dia digam-me, uma altura em que deixo de distinguir o salgueiro e depois do salgueiro a janela, os móveis desaparecem porque não acendemos a luz, ficam as pegas de metal a brilhar um momento, um frémito nas portas que ninguém gira, os meus irmãos procurando-se e eu em busca da saída dado que principiaram as dores e não acho o caminho da rua, apercebo-me do alpendre onde a lanterna baloiça na corrente, ao regressar ao baldio via-a na esquina e acalmava, estou a chegar, estou em casa, não me fazem mal já, o quintal fechava-se-me sobre o corpo e escondia-me, nenhuma cólica, nenhum suor, a paz e com a paz a indecisão da madrugada no peitoril

- Nasço não nasço?

Novidades


Hoje é um dia grande para todos os amantes da obra de António Lobo Antunes, uma vez que se encontra já à venda mais um livro do consagrado escritor. O título é sugestivo e apela à leitura, já que é formulada uma pergunta. Será que após a leitura conseguiremos respondê-la?
Segundo a sinopse "a acção decorre no Ribatejo, numa quinta onde se criam toiros. A mãe está a morrer e cada um dos filhos fala e conta a sua história, que se cruza com a história dos outros. Francisco, que odeia os irmãos e espera apropriar-se de tudo quando a mãe morrer; João, o preferido da mãe, pedófilo, que engata rapazinhos no Parque Eduardo VII; Beatriz, que engravidou e teve de casar cedo; Ana, a mais inteligente, drogada e frequentadora dos mais sinistros lugares onde se trafica droga. Há ainda a figura do pai, que vai perdendo ao jogo a fortuna da família, na obsessão de que o número 17 lhe há-de trazer a sorte. E finalmente Mercília, a criada que os criou a todos e que sabe todos os segredos".
A leitura de António Lobo Antunes é sempre uma aventura cheia de desafios, caminhos e trilhos que levam o leitor também aos lugares recônditos da sua alma. Recomendo vivamente.

sexta-feira, setembro 25, 2009

2666

Há quem feito contagem decrescente, quem o considere obra-prima, que o catapulte para o acontecimento literário do ano, quem lhe tenha criado um blogue e quem fale disso permanentemente. O romance de Roberto Bolaño, 2666, publicado postumamente tem recebido a aclamação de bloguers e futuros leitores. O lançamento será no próximo Sábado, 26 de Setembro, mas haverá uma festa de lançamento hoje, sexta-feira, dia 25. Com tanta publicidade e divulgação estas mil páginas passaram definitivamente para a minha lista de livros obrigatórios.

Ler aqui sobre o autor e aqui sobre a obra.



imagem daqui

quinta-feira, julho 23, 2009

A importância do nome

Suponhamos que o Manel faz uma viagem. Como todas as viagens, a viagem do Manel tem algumas peripécias. O Manel arruma a viagem na gaveta mas vinte anos depois e porque se lhe atravessa ao caminho uma fotografia da mulher que o acompanhou nesse périplo lembra-se de escrever umas coisas. O Manel acha a viagem engraçada com ingredientes suficientemente intensos para tornar a estória atraente, sente-se em dívida com a mulher que o acompanhou, é atacado por uma nostalgia súbita e neste embalo envia o manuscrito da sua aventura às editoras. O Manel, coitadito, é apenas o Manel, sem apelido, padrinhos, amigos, alguém que dê uma palavrinha a alguém, um toque só para ver se pega e, por conseguinte, tempos depois começa a receber cartas das editoras. Que não se enquadra nos critérios editoriais, que não podem encarar a respectiva publicação, que não são a editora indicada para a apreciação de narrativas curtas, que têm a programação editorial muito preenchida. O Manel arruma os manuscritos na estante, outros rasga-os furiosamente e coloca-os com grande dever cívico no ecoponto azul e outros oferece com uma dedicatória aos amigos, em tempo de crise há que poupar nos presentes. E partiu à sua vida. Ora se o Manel de chamasse, digamos, Miguel Sousa Tavares tinha o assunto resolvido e podia publicar este novo género de quase romance, a tal narrativa curta, contando uma das suas aventuras ao deserto com uma mulher com quem aparentemente teve um relacionamento amoroso e que morreu entretanto. No teu Deserto é apenas isso: um devaneio, sem grande qualidade de escrita. O texto está cheio de lugares-comuns, a noite estrelada a tempestade da areia, o desenrascando luso, o silêncio do deserto, uma mulher convenientemente loura que já se sabe resulta muitíssimo bem em países árabes como moeda de troca por cáfilas de camelos. Muito inferior a Sul, Não te deixarei morrer, David Crockett ou a Equador, o livro não traz qualquer novidade. Servirá apenas o voyeurismo dos leitores e ocupará uma boa parte de uma lânguida tarde estival, há sempre que não goste de leituras pesadas no Verão. Miguel Sousa Tavares já mostrou que é capaz de bem melhor. No teu Deserto só viu a luz do dia porque o seu autor é quem é. Se fosse o Manel, por exemplo, nunca passaria da intenção e muito bem.

quinta-feira, abril 23, 2009

O Caderno

Numa edição conjunta da Editorial Caminho e a Fundação José Saramago, foi editado hoje, Dia Mundial do Livro, O Caderno. Este caderno reunirá os textos que José Saramago foi publicando no blogue O caderno de Saramago, entretanto fechado. Para quem gosta da acultilância do escritor pode agora reler em papel a sua opinião sobre assuntos da actualidade.

domingo, março 29, 2009

Leite Derramado (2)

O mais recente livro de Chico Buarque, que tivemos o prazer de anunciar aqui, tem um site. Pode ler-se o primeiro capítulo do livro, informações sobre o autor e outros livros que publicou e ainda ler opiniões dos leitores e destaques da imprensa. Está tudo aqui.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

A Viagem terminada

Tal como tinha prometido, aqui estou a dar-vos novas do meu primeiro livro de 2009, A Viagem do Elefante de José Saramago. O facto de estarmos a 21 de Janeiro e de eu já ter lido o livro prova que é de leitura rápida, mais rápida do que os outros livros de Saramago que eu li, o que pode ser sempre uma vantagem. Diz-se que este será o melhor Saramago desde o Memorial do Convento. É verdade que hesitei algum tempo e duvidei desta afirmação, mas depois da leitura e após algum tempo de reflexão chego à conclusão de que as descrições pormenorizadas, quase cinematográficas, assim indicam. De resto, é um Saramago igual a ele mesmo: imaginação prodigiosa, escrita escorreita e afinada, considerações múltiplas, sarcasmo e ironia, metáforas e diálogos com o leitor. Vale a pena. Ler vale sempre a pena.

quarta-feira, outubro 22, 2008

O Jogo do Anjo

Depois do êxito estrondoso de A Sombra do Vento temos finalmente disponível em versão portuguesa o mais recente romance de Carlos Ruiz Zafón, O Jogo do Anjo. Mais uma vez na cidade de Barcelona e retomando os livros e escritores, este livro promete ser mais um sucesso. Esperemos que seja tão envolvente e apaixonante como o anterior. O meu exemplar descansa tranquilamente em casa. Espero só terminar Uma Vida Nova de Orhan Pamuk, uma leitura alucinante plena de intriga, e uma nesga de tempo para começar mais esta aventura. Aguardam-me 576 páginas de deleite, assim o espero.

sexta-feira, maio 02, 2008

El Juego del Ángel


Depois do êxito de A Sombra do Vento, um dos livros que recomendo vivamente e cuja receita podem ler aqui, Carlos Ruiz Zafón acaba de publicar El Juego del Ángel. Aguardo ansiosamente a versão portuguesa.

sábado, julho 28, 2007

Estação Pateta

Cara Silly Season,

Portuguesmente falando, és apenas a Época Pateta. O nome inglês soa melhor, a retinir campainhas, a sibilar de assobios, a festa de guizos. Estrila muito mas significa pouco. Não tenho nada contra as guizalhadas, embora não seja um praticante entusiasta. Mas contra as carneiradas, tenho. Cresci numa saudável rebeldia contra o conformismo. Ora tu, Estação Tonta, és o exemplo mais acabado, retinto, e rebaixado desta tirania do banal que põe todos a dançar ao toque da mesma caixa. Sob a tua aura e protecção campeiam os estagiários de jornalismo, os militantes da chalaça, os bobos de ocasião. E vá de perguntinhas, e vá de expedientezinhos, e vá de entreter o pagode que só quer é rir, à torreira do sol, a sacudir a areia do croquete, enquanto as crianças chilreiam na praia. Pobre enfeitada Sazão Foleira, vê se percebes que, apesar do lastro de alarvidade que a tua teimosia quer preservar, já vai havendo muitos cidadãos que não têm pachorra para sandices.

Mário de Carvalho in "Visão" nº751, 26 de Julho de 2007


Mário de Carvalho foi recentemente galardoado pelo romance Um Deus passeando pela brisa da tarde. Um escritor a ler nas férias, por exemplo, ou quando regressarmos à escola, mas definitivamente a ler! Os livros? No sítio do costume, aqui na nossa Biblioteca/Centro de Recursos.

foto: da notícia (Público online)

terça-feira, maio 29, 2007

A Feira do Livro

A Feira do Livro é estar sentado debaixo de um guarda-sol às listras a dar autógrafos e a comer os gelados que a minha filha Isabel me vai trazendo de uma barraquinha três editoras adiante, preocupada com as atribulações de um pai suado, de repente da idade dela, a escrever dedicatórias, de língua de fora, numa aplicação escolar. Isto não é uma queixa: gosto das pessoas, gosto que me leiam, gosto sobretudo de conhecer as pessoas que me lêem e me ajudam a sentir que não lanço ao acaso do mar garrafas com mensagens corsárias que não se sabe onde vão ter, e gosto dos romances que escrevi. Tenho orgulho neles e tenho orgulho em mim por ter sido capaz de os fazer.
(…)

António Lobo Antunes, Livro de Crónicas, D. Quixote


E para acabar a leitura da crónica, procura o livro na Biblioteca/Centro de Recursos. Caso queiras guardar para a posteridade um autógrafo de António Lobo Antunes procura-o na Feira do Livro de Lisboa no próximo dia 2 de Junho, onde estará presente para uma sessão de autógrafos no stand das Publicações Dom Quixote.

sábado, abril 28, 2007

O porco

O porco. De há uns dias a esta parte, o porco não me sai da cabeça. Dou voltas e mais voltas e ele lá continua. Há lá direito que tenham feito aquilo ao porco? Coitado do Zeca, pobre do Ruca! Coitadito do Carnaval da Vitória… Está mal! Não me conformo. Acho mal. Fiquei triste. Discordo e protesto! E foi isto, porque derrubando-me avidamente sobre um livro numa noite desta semana, não consegui ir deitar-me sem ler a ultiminha frase. A meio do livro, comecei a ganhar um certo rancor a Diogo, uma raivinha em crescendo ao homem, e afecto pelo bicho. É sabido que os porcos são animais inteligentes, têm capacidades de aprendizagem semelhantes às de uma criança de três anos, exceptuando a linguagem, pois claro, são afáveis e doces e se alimentados convenientemente não se tornam em bácoros obesos e tão-pouco são imundos, portanto, a consequência natural das letras desenhadas naquele livro seriam previsíveis: primeiro o encanto, depois o afecto e agora a revolta. Por isso, continuo a protestar: acho MAL! No fundo, no fundo, acho mal, mas acho natural. De que servirão os livros, se não ficarem em nós? Foi isso que aconteceu. Ora leiam lá e digam-me se ficariam indiferentes…


O meu agradecimento à minha colega Fátima Santos que me deu a conhecer Quem me dera ser onda de Manuel Rui.

imagem: Rachel Deacon, "Pig"

O livro está disponível na nossa Biblioteca/Centro de Recursos